quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Lei das cotas


A lei nº 12.711 foi aprovada em 2012, o que representa que a partir de tal data, todas as instituições de ensino superior federais do país precisam  obrigatoriamente reservar parte de suas vagas para alunos oriundos de escolas públicas, de baixa renda, e negros, pardos e índios.
A reserva começou em 12,5% e precisa chegar aos 50% até 2016. Além da dívida histórica que o país tem com os afrodescendentes por anos de exploração, a lei veio para minimizar as diferenças raciais e socioeconômicas que sempre existiram no Brasil. (BRASÍLIA, 2012).
As cotas sociais representam os motivos de sua própria existência.
O abismo existente entre as escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a estudantes de classes sociais diferentes. Sem as cotas para os estudantes de classes sociais menos favorecidas, as cadeiras nas melhores universidades continuarão sendo conquistadas apenas por candidato com uma melhor estabilidade financeira. Onde, o ideal seria qualificar o ensino público, mas isso levaria décadas.
No Brasil, as melhores universidades são públicas. E essas instituições possuem um rígido exame para escolher que entra ou não em suas fileiras: chama-se vestibular.
Pois, para se conseguir uma boa classificação e consequentemente passar no vestibular das melhores universidades do país, é fundamental se ter uma melhor educação. É aí que reside o argumento utilizado por quem é favorável às cotas raciais: as melhores universidades brasileira são públicas, porém as melhores escolas de ensino fundamental e médio são privadas.
Essa distorção faz com que a grande maioria dos alunos das universidades públicas seja composta de brancos ricos, vindos de escolas particulares, já que os alunos de rede pública não tem a menor chance de competir com estes. Com o sistema de cotas, se tentaria corrigir um grave erro histórico, dando oportunidades para alunos negros que não tem como competir com os brancos.
Portanto, com o sistema de cotas, veríamos mais negros nessas universidades e ocupando cargos importantes em setores fundamentais de nossa sociedade.
O que mais se diz é que combater racismo com racismo, e isto é uma ironia.  E de fato é. Mas, dizer isso é partir do pressuposto que o uso de cotas segrega, mas isso não é verdade. Aliás, é o oposto. Esse pensamento é reducionista e desconsidera um cenário que justifica essa política de ações afirmativas. Não se trata de dar privilégios a um grupo por considera-lo melhor ou menos capaz, mas sim de reduzir o abismo histórico entre etnias, promovendo um contato até então pouco comum, ou seja, dentro da universidade.
Alguns falam em reparação histórica e social, mas talvez o  termo “reparação histórica” não seja o melhor, já que não há nada que se possa fazer para apagar estas páginas vergonhosas de nossa história. Mas é óbvio que isso não nos impede de lidar com a situação atual. Portanto, há muitas medidas que podemos e devemos usar para tratar essa ferida que sangra até hoje.
Com o tempo, quem sabe, ela se torne apenas uma cicatriz, ainda que isso não anule o passado.
Há quem diga que é apenas um paliativo e que, no fim das contas, não resolve nada. Que é um paliativo é verdade, mas isso não implica em inocuidade, no sentido de que não faz diferença.
A maior parte dos negros do país, não possuem as mesmas oportunidades que os brancos e não será com as cotas que isso irá mudar, mas é um passo nesse caminho. (JEPS, 2013).
Lembrando que tais cotas não entregam de graça vagas em universidades públicas (ou particulares, em programas como o PROUNI ou FIES) e é necessário lutar por elas. Assim, os que conquistam as vagas, estão tão preparados como outro que tenha ingressado por ampla concorrência.

Luciana Ferrari Machado Tawil – Estudante de Direito do Centro Universitário do Norte Paulista – UNORP

Fontes: BRASIL, Lei nº 12. 711 de 29 de Agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, 2012.
JEPS, Cristiano. Cotas raciais- argumentos a favor. Disponível em: <https://www.trabalhosgratuitos.com/Sociais-Aplicadas/Hist%C3%B3ria/Cotas-Racias-45555.html>. Acesso em: 27 Ago. 2016.



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